Leucemia
Tipos de câncer
Leucemia é o câncer proveniente das células sanguíneas, em geral dos leucócitos. Nossas células sanguíneas (hemácias, leucócitos e plaquetas) são formadas em sua grande parte na medula óssea. Nas leucemias, as células normais vão sendo progressivamente substituídas por células anormais que não funcionam como deveriam funcionar.
Os diferentes tipos de leucemia estão relacionados com o tipo de célula normal que se transformou em câncer. As leucemias provenientes de células precursoras de hemácias, leucócitos e plaquetas são chamadas de mieloides, enquanto as provenientes de células precursoras de linfócitos são chamadas linfoblásticas (ou linfocíticas). Elas podem acometer tanto adultos como crianças e adolescentes, de forma aguda (aparecimento rápido e células imaturas) ou crônica (aparecimento gradual e células maduras). Existem quatro principais tipos de leucemia: linfoblástica aguda, mieloide aguda, linfocítica crônica e mieloide crônica.
Embora seja um tumor frequente em crianças, a maior proporção de casos ocorre em adultos. No mundo, em especial nos países desenvolvidos, as leucemias estão entre os 10 cânceres mais frequentes. No Brasil, o Ministério da Saúde estima cerca de 10 mil casos por ano, sendo um pouco mais frequente em homens em comparação com as mulheres. A Região Norte do país apresenta a menor taxa de ocorrência da doença, e a Região Sul, a maior taxa.
As leucemias acometem em maior proporção as pessoas entre 65 e 75 anos e a sobrevida em cinco anos em adultos nos países desenvolvidos é de aproximadamente 60%. Para crianças e adolescentes, a sobrevida é bem maior que em adultos. As taxas de mortalidade no Brasil apresentam uma curva de aumento nos últimos 15 anos, embora com valores menores do que os encontrados nos países desenvolvidos.
Existem diversos fatores de risco associados às leucemias agudas e crônicas e seus diversos subtipos. Os fatores mais comumente associados são exposição a determinados agentes químicos (benzeno e pesticidas) e radiação ionizante (raios X), uso de quimioterapia, consumo de tabaco, excesso de peso, algumas doenças hematológicas (do sangue), imunossupressão, exposição a alguns vírus e herança genética. Para a maioria das pessoas com os tipos mais frequentes da doença, não é possível identificar a presença de fatores de risco ou agentes causais.
Os sintomas ocorrem pelo acúmulo de células leucêmicas na medula óssea e na corrente sanguínea. A produção inadequada de hemácias, leucócitos e plaquetas causa respectivamente anemia e maior susceptibilidade a infecções e sangramentos. São comuns sinais e sintomas como cansaço, infecções recorrentes, sangramentos pelo nariz e gengivas, febre, manchas roxas na pele, dores nos ossos e articulações, caroços no pescoço e debaixo dos braços, aumento do abdômen, dor de cabeça e perda de peso.
Um exame de sangue simples (hemograma) geralmente está alterado. A confirmação é feita com o exame da medula óssea (biópsia e mielograma). Outros exames, como os de imagem, laboratoriais e punção lombar (retirada de líquido da medula espinhal), podem ser realizados. Em geral, quando se suspeita de leucemia, é feito um encaminhamento rápido para um especialista (hematologista/oncologista), a fim de que ele conduza a investigação diagnóstica, faça a classificação e inicie o mais rápido possível o tratamento.
No passado, as leucemias eram classificadas de acordo com as características morfológicas das células leucêmicas encontradas no sangue ou na medula óssea. Mais recentemente, nas últimas décadas, foram incorporados exames mais sofisticados, como a imunofenotipagem e a citogenética, que permitem refinar o diagnóstico e fornecer informações importantes para o prognóstico e tratamento da doença. Dois sistemas de classificação de leucemias mundialmente conhecidos são o sistema French-American- British (FAB) e o sistema da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esses sistemas estão em constante atualização e, por esse motivo, um especialista (hematologia/oncologia) é o profissional mais indicado para classificar uma leucemia.
Não existe um sistema-padrão de estadiamento. Em geral, os pacientes são avaliados para identificar a presença de células leucêmicas, além do sangue e da medula óssea. Frequentemente, a doença é classificada como não tratada, em remissão ou recorrente. Dois sistemas de estadiamento são usualmente utilizados na leucemia linfocítica crônica: Binet e Rai. Ambos estão baseados nos achados do exame físico e no resultado do hemograma. O sistema Rai classifica os pacientes entre 0 e IV, enquanto o Binet classifica os pacientes em A, B e C. A leucemia mieloide crônica também não possui um sistema padronizado de estadiamento, porém é utilizada uma classificação por fase: fase crônica, fase acelerada e fase blástica. A identificação da fase é fundamental para o planejamento do tratamento.
Existem diferentes modalidades de tratamento. As mais frequentemente utilizadas são quimioterapia, radioterapia, terapia-alvo molecular, imunoterapia e transplante de medula óssea. A escolha vai depender de fatores relacionados à doença (estadiamento) e ao paciente (estado geral).
Alguns pacientes podem ser encaminhados para participar de tratamentos experimentais. Nesse caso, eles são informados sobre o tratamento e, se concordarem em participar, são incluídos em um estudo clínico.
O prognóstico depende de alguns fatores, como o tipo de leucemia, a idade do paciente, o estadiamento da doença e o estado geral de saúde do paciente. Com os recentes avanços na biologia molecular do câncer, os tratamentos tornaram-se mais específicos e efetivos, melhorando os percentuais de cura e sobrevida da doença.
Não existem fatores de risco conhecidos, portanto, não há um conjunto de medidas preventivas a serem adotadas. No entanto, há evidências de que o tabagismo estaria relacionado a um tipo específico da doença, chamado leucemia mieloide aguda. Por isso, vale lembrar que parar de fumar sempre vale a pena. Para detectar o problema cedo, aumentando as chances de recuperação, vale ficar atento a sintomas como palidez, cansaço, febre, aumento de gânglios, infecções persistentes, hematomas e sangramentos inexplicados.
Fontes
1. Cancer Research UK home page (http://www.cancerresearchuk.org )
2. National Cancer Institute (NCI) home page (http://www.cancer.gov/)
3. Portal do Instituto Nacional de Câncer (INCA) (http://www2.inca.gov.br)