Câncer de Cólon e Reto
Tipos de câncer
O intestino grosso (cólon e reto) faz parte do sistema digestivo e consiste em um longo tubo muscular de aproximadamente 1,5 metros de comprimento, que tem a finalidade de absorver água e nutrientes e eliminar os resíduos alimentares sob a forma de fezes. Normalmente, as células crescem e se dividem para formar novas células e substituir aquelas que envelheceram e morreram. Às vezes esse processo sofre alterações e as células começam a se dividir sem necessidade, enquanto as células velhas não morrem quando deveriam. Esse processo é chamado de crescimento tumoral e, quando essas células têm a capacidade de invadir tecidos vizinhos e se alojar em órgãos distantes, chamamos de câncer. Quando ocorre nas células que compõem o cólon e o reto, chamamos de câncer de cólon e reto.
A doença é mais frequente no sexo masculino do que no feminino (cada caso identificado em mulheres corresponde a 1,4 casos encontrados nos homens). A incidência do câncer do cólon e reto está aumentando em países onde o risco era considerado baixo, como Japão e outras nações asiáticas. Em países sabidamente com alto risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer, a incidência apresenta uma estabilidade ou até mesmo um declínio, como é o caso dos países da Europa Ocidental, do norte Europeu e da América do Norte, além da Austrália.
Sem considerar os tumores da pele não melanoma, o câncer do cólon e reto entre os homens é o segundo mais frequente na região sudeste do Brasil (22/100 mil) e o terceiro nas regiões sul (18/100 mil) e centro-oeste (14/100 mil). Na região norte (4/100 mil), ocupa a quarta posição e, a região nordeste (5/100 mil), a quinta. Entre as mulheres, é o segundo mais frequente nas regiões sudeste (23/100 mil) e sul (20/100 mil), o terceiro nas regiões centro-oeste (15/100 mil) e nordeste (7/100 mil), e o sexto na região norte (5/100 mil).
Ainda não se sabe o que exatamente causa o câncer de cólon e reto, entretanto sabe-se que a doença não é contagiosa. Pesquisas mostram que algumas pessoas têm maior risco de ter câncer de cólon e reto do que outras. Esses indivíduos apresentam determinados fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver câncer de cólon e reto. Os principais são: idade acima de 50 anos (mais de 90% dos tumores aparecem depois dessa idade), presença de pólipos no intestino, histórico familiar de câncer de cólon e reto, histórico pessoal de câncer (quem já teve câncer de cólon e reto ou câncer de ovário, mama e corpo do útero), algumas doenças inflamatórias do intestino (Doença de Crohn e Colite Ulcerativa) e dieta rica em gordura e pobre em fibras, além de algumas alterações genéticas que predispõe ao aparecimento desse câncer em idade jovem (40 anos) com ou sem a ocorrência de pólipos no intestino.
Os sintomas estão relacionados com o sistema digestivo. Mudanças no comportamento do intestino (constipação ou diarreia), sensação que o intestino não esvaziou direito, aparecimento de sangue nas fezes, mudança no diâmetro das fezes, emagrecimento, dor ou cólica abdominal, vômitos e náuseas e cansaço. Outras condições podem causar esses sintomas, mas se você apresentar um ou mais dos fatores de risco para o câncer de cólon e reto, uma verificação mais rigorosa faz-se mais necessária. Mesmo indivíduos sem qualquer fator de risco devem investigar os sintomas, caso eles se tornem crônicos.
O seu médico irá conduzir uma investigação diagnóstica para saber se os sintomas (ou o resultado alterado dos seus exames de rastreamento) podem ser, ou não, câncer de cólon e reto. Essa investigação diagnóstica inclui uma longa entrevista clínica, alguns exames complementares e, caso haja alguma suspeita (presença de pólipos ou tumores), a realização de uma biópsia (retirada de tecido para análise). A confirmação é feita somente pela análise de tecido.
O exame histopatológico permite classificar qual o tipo de câncer, além de fornecer outras características biológicas do tumor que podem ajudar na escolha do tratamento e na definição do prognóstico da doença.
Após o diagnóstico e a classificação, é feito o estadiamento da doença, ou seja, verificar a a sua extensão. Para isso, geralmente são pedidos exames complementares, como exames laboratoriais, exames endoscópicos (colonoscopia, retossigmoidoscopia, entre outros) e exames de imagem direcionados ao abdômen e, eventualmente, para outras regiões. O objetivo é determinar o tipo ideal de tratamento para cada paciente.
Habitualmente o tratamento envolve uma equipe multiprofissional que inclui cirurgiões, oncologistas, radioterapeutas, entre outros profissionais médicos e não médicos. O tratamento pode ser local (quando envolve a retirada do tumor ou o tratamento específico para o local do tumor) ou sistêmico (quando o tratamento visa tratar as células tumorais que estejam em outro local que não seja o cólon e reto). O tratamento cirúrgico pode ser feito por meio de uma colonoscopia, por uma cirurgia laparoscópica ou por uma cirurgia convencional. A radioterapia também é considerada um tratamento local. O tratamento sistêmico pode envolver a utilização de quimioterapia e/ou terapia biológica (anticorpos monoclonais).
O prognóstico dependerá da extensão da doença no momento do diagnóstico, das características biológicas do tumor e das condições de saúde do paciente. Com os avanços das técnicas cirúrgicas, da radioterapia e dos medicamentos (quimioterápicos), o prognóstico é muito bom para a maioria dos pacientes. A introdução da detecção precoce por meio do rastreamento aumenta as chances de identificar um tumor inicial e, com isso, melhorar ainda mais o prognóstico.
A prevenção primária se dá pela diminuição dos fatores de risco. Dentre os fatores de risco que podem ser alterados temos a dieta. Procurar adotar uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes e verduras e pobre em gorduras, diminui o risco de câncer de cólon e reto. Os indivíduos com um ou mais dos fatores de risco não evitáveis para esse tipo de câncer devem procurar aconselhamento médico para discutir qual a melhor estratégia para a detecção precoce. Os indivíduos que não apresentam esses fatores de risco não evitáveis devem iniciar o rastreamento do câncer de cólon e reto a partir dos 50 anos. O tipo e a periodicidade dos exames devem ser discutidos com seu médico.
Fontes
1. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativas 2012: incidência de câncer no Brasil. Coordenação Geral de Ações Estratégicas, Coordenação de Prevenção e Vigilância. – Rio de Janeiro: Inca, 2011.
2. United States Department of Health and Human Services. National Institute of Health. What you need to know about: cancer of the colon and rectum. National Cancer Institute, 2006.