É uma assistência nutricional focada no paciente com câncer, considerando a localização e o estadiamento do tumor e as possíveis doenças associadas. O principal objetivo da Nutrição Oncológica, durante todo o período de tratamento, é contribuir com orientações e intervenções para que o paciente mantenha o melhor estado nutricional possível, a partir da adequação da dieta e do controle de sintomas. Após o tratamento, as orientações e as intervenções estão focadas na recuperação do estado nutricional e na promoção de saúde. A Nutrição Oncológica tem abordagem biopsicossocial e atua dentro de uma perspectiva multidisciplinar, em cooperação com o paciente, o cuidador e os demais profissionais de saúde.
A assistência nutricional pode ser dividida em três etapas:
- Avaliação Nutricional: processo sistemático que avalia alterações no estado nutricional por meio da análise da história clínica, alimentar e psicossocial do indivíduo, com base em questionário sobre aspectos alimentares, físicos e de saúde e bem-estar.
- Intervenção: elaboração de um plano de cuidados individualizado, com orientações e prescrição de dieta adequada ao tipo de tratamento e à situação clínica do paciente.
- Monitoramento: reavaliação periódica do paciente para manter ou ajustar o plano de cuidados. A periodicidade dependerá do tipo de tratamento e da situação clínica do paciente.
A perda de apetite é um problema muito comum para o paciente com câncer. As causas podem ser várias, por exemplo:
- Alterações metabólicas provocadas pelo tumor;
- Alterações metabólicas provocadas pelos tratamentos de quimioterapia e radioterapia;
- Alterações emocionais (angústia, medo e depressão);
- Dor de difícil controle;
- Outros sintomas: náusea, “sensação de barriga cheia”, “gosto metálico”, “prisão de ventre”, etc.
- Fracionar as refeições em pequenas porções ao longo do dia;
- Preferir refeições líquidas ou pastosas;
- Enriquecer as refeições com suplemento nutricional oral;
- Experimentar novos tipos de comida ou sabores diferentes;
- Evitar beber líquido durante as refeições sólidas;
- Usar adequadamente os medicamentos para controle de sintomas;
- Fazer exercícios leves e relaxamento;
- Ter estímulo social, com presença de familiares e amigos na hora das refeições.
De modo geral, todos os pacientes com câncer deveriam ter acompanhamento nutricional em alguma fase da doença, para orientações e intervenções, conforme necessidade. Em especial, os pacientes que recebem radiação nas regiões da cabeça e pescoço, do abdômen e da pelve podem apresentar alterações no trato gastrintestinal e consequentemente prejuízo na alimentação. Os efeitos da radiação nesses casos podem levar à perda de peso e à desnutrição, prejudicando o tratamento.
O plano de cuidado é individualizado e depende do tipo de quimioterapia e da localização do tumor. De modo geral, a alimentação deve ser adequada em nutrientes e calorias, fracionada em pelo menos quatro refeições/dia. Considerações sobre consistência, temperatura dos alimentos, teor de fibra e possíveis restrições alimentares dependerão da situação clínica do paciente. Outro aspecto importante é o cuidado com a higiene das frutas e hortaliças e com o armazenamento adequado dos alimentos.
Dependendo da localização da colostomia, as fezes podem ter consistência mais amolecida ou até líquida. De maneira geral, recomenda-se alimentação regular, equilibrada e variada o quanto possível, evitando os seguintes alimentos:
- Alimentos ricos em gorduras;
- Alimentos ricos em fibras insolúveis – normalmente presentes nos grãos, nos cereais integrais, nos vegetais folhosos, nas frutas desidratadas, nas nozes e sementes;
- Alimentos com lactose (açúcar do leite), presentes em maior teor nos leites de vaca, cabra e ovelha;
- Alimentos muito condimentados, por exemplo, com pimenta, mostarda, curry;
- Bebidas gaseificadas, cafeinadas e alcoólicas. Recomenda-se também mastigar bem os alimentos e ter um consumo de líquidos de, pelo menos, 1,5L por dia, preferencialmente nos intervalos das refeições.
- Ter refeições regulares, respeitando-se as principais refeições;
- Comer em quantidade moderada e evitar “beliscar” nos intervalos;
- Consumir diariamente hortaliças, frutas, cereais integrais;
- Beber água, pelo menos, 1,5L/dia;
- Evitar alimentos processados e industrializados, normalmente ricos em gordura satura e sódio. Uma alimentação equilibrada deverá ser variada, com quantidades adequadas de nutrientes e de calorias para cada ciclo da vida (infância, adolescência, fase adulta e senil). Os bons hábitos alimentares são desenvolvidos a partir da reflexão e compreensão do alimento, do peso corporal, dos ambientes sociais que o sujeito está inserido.
Existe um consenso no meio científico de que uma alimentação balanceada, associada à atividade física e à redução de fatores de riscos (álcool e cigarro), pode prevenir o câncer. Seguem algumas dicas:
- Aumentar o consumo de hortaliças, frutas e cereais integrais;
- Reduzir o consumo de carne vermelha e/ou processadas até 500g/semana;
- Reduzir o consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas, presentes nas carnes gordas, nos queijos amarelos, em diversas “comidas prontas”, biscoitos, etc.
- Preferir carne branca e magra;
- Manter o peso adequado para altura e idade;
Os suplementos nutricionais orais são produtos industrializados, cuja fórmula contém quantidades adequadas de carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais. Podem ainda conter substâncias importantes como fibras e ômega-3. Sua função é aumentar o aporte nutricional do paciente, corrigindo ou evitando carências nutricionais provocadas pela alimentação inadequada. Deve ser prescrito por médico ou nutricionista.
Assim como outros nutrientes, a quantidade adequada de vitamina D no organismo é importante para o seu bom funcionamento. Entre os benefícios, podemos destacar o fortalecimento dos ossos e dos dentes, bem como o fortalecimento dos músculos e do sistema imunológico.
Os “alimentos funcionais” são resultados de inovações na indústria dos alimentos, a partir da adição de algumas substâncias, por exemplo, o ômega-3 (gordura poliinsaturada) nas margarinas e nos leites, as fibras nos biscoitos e os lactobacilos (bactérias) nas bebidas lácteas. Entretanto, as frutas e os legumes em geral e os peixes de água fria já contêm naturalmente várias substâncias.
O excesso de gordura corporal aumenta o risco de câncer em diferentes órgãos, tais como esôfago, pâncreas, intestino, rim, bexiga, endométrio e mama em mulheres na pós-menopausa.