Adriana do Nascimento
Em abril de 2013, aos 32 anos, fui diagnosticada com CA de mama. Sou enfermeira e, quando recebi o diagnóstico, tinha uma semana que havia me mudado para o apartamento e estava morando sozinha. Bom, a notícia foi um baque; tive a impressão de que não havia chão, no primeiro instante, mas sempre fui muito guerreira, batalhadora e me achava forte, mas não tão forte assim.
Resolvi lutar e viver, e coloquei Deus na frente de tudo e prossegui. Foram 16 sessões de quimioterapia – a primeira foi no dia 11 de junho de 2013; no dia 30 de junho, passava a máquina zero na minha cabeça, e, no dia 28 de setembro, fiz uma mastectomia, isto é, a retirada de minha mama direita. Continuei com a quimioterapia, sendo a última sessão no dia 13 de janeiro de 2014.
Eu estive sempre muito contente com a vida e feliz por acordar a cada dia e saber que tinha sempre uma nova chance. Eu tinha absoluta certeza de que aquele momento ia passar e serviria de exemplo para muitas pessoas.
Durante o tratamento, eu usei cinco perucas diferentes, tive uma dúzia de lenços e sempre me achava muito linda. Na realidade, sempre fui linda; cheguei a sair numa matéria no jornal O Extra, em novembro de 2013; em dezembro do mesmo ano, também dei uma entrevista, em um informativo do Rio de Janeiro, sobre banco de doações de perucas. Lembro-me de que, quando fui operar, 12 horas antes da minha cirurgia, eu cantei no grupo de louvor da minha igreja, como se nada fosse acontecer. As pessoas da minha igreja diziam que, quando chegavam tristes ao culto e me viam, ficavam até bem, já que eu passava força para todos.
Fiz também 25 sessões de radioterapia. Vi minha vida mudar de uma hora para outra. Fiquei de licença durante um ano; no início, foi muito ruim, visto que eu tinha uma vida muito agitada e estava acostumada com tal, mas o ser humano se adapta a tudo. Em novembro de 2013, Deus me presenteou com um gatinho, ao qual dei o nome de Mustafa. Ninguém imagina como esse animal me ajudou, e me ajuda até hoje!
Atualmente, consigo ver a vida com mais calma e entendo que devemos viver um dia de cada vez, porém que seja da melhor forma possível.
Hoje, tento, sem cessar, ser uma pessoa melhor; não que eu não o fosse, mas melhorar sempre é bom. Nessa trajetória, descobri que algumas pessoas nunca foram de fato meus amigos, mas em compensação novas amizades surgiram.
Agradeço primeiramente a Deus, que foi tudo pra mim, já que foi Ele quem me deu a força, a garra de que eu precisava para vencer. Agradeço também a minha família, que esteve o tempo todo comigo; a meus pastores; a minha médica linda, Drª Ana Paula Victorino, que teve muita paciência comigo, mas sempre esteve pronta a me ouvir e a tirar todas as minhas dúvidas.
Agora, já retornei a minha vida cotidiana; porém, não estou trabalhando na mesma intensidade de antes. Fico à disposição para falar mais da minha história e ceder fotos do momento do meu tratamento. Espero de fato ajudar outras pessoas com minha história.